Uso da Internet
“Possuindo, doravante, cada objecto, produto, livro, quadro, museu ou monumento o seu duplo digital, estando cada homem equipado com um ecrã, interligando-se todos os ecrãs numa gigantesca teia de aranha mundial – a World Wide Web – e tendo a expansão do digital conquistado o universo sonoro, não existem distâncias ou exterioridades que possam sustentar-se e nenhuma coisa, nenhum ser, nenhuma voz – qualquer que seja o lugar da terra, no ar ou nos mares – se encontra fora do alcance dos portáteis. Em rede, qualquer pessoa pode ser atingida e tudo pode ser comandado: basta um simples clique […].
Qualquer um pode dar não importa que apelido da Terra ao seu filho, pode ligar-se, sem sair do quarto, a não importa que diversão, aceder às catástrofes em directo, explorar deitado as mais longínquas culturas, escapulir-se, sem prevenir, por todos os lugares da memória, ir ver, em pantufas, as montras nos antípodas e navegar à vontade nos bancos e dados da grande mistura mundial em que se converteram as tradições.”
Finkielkraut, Essai sur le XX siècle, Ed. Le Seuil, 1996
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