O poder do uso da língua nos media



Apresentação do livro Caim de José Saramago


O mais recente livro do nosso Prémio Nobel da Literatura, Caim de José Saramago, não nos surpreendeu pelo seu conteúdo, mas pela polémica gerada em torno das declarações do seu autor no dia da sua apresentação/ publicação em Penafiel, no final do ano de 2009.


Desde sempre que José Saramago, como escritor e figura pública que é, nos presenteia com declarações particularmente ofensivas para a Igreja. Esta última disse a propósito das declarações do autor no dia da publicação do referido livro que seria uma mera “operação de publicidade” e que “não fica bem a um Prémio Nobel entrar em tom de ofensa” com a Igreja (Padre Manuel Morujão). Segundo alguns críticos, Caim conta-nos em tom irónico e jocoso a história do filho primogénito de Adão e Eva – Caim. José Saramago afirmou que “Caim suscitou incompreensões e ódios velhos”, um alvoroço, não suscitado pelo livro, mas pelas declarações por si proferidas: “Desperto muitos anti-corpos” disse o escritor que com ironia referiu ser este o “livro que mais se tem falado apesar de não ter sido lido”, uma situação que qualifica de “magia e quase milagre” por se “ ter dito tanto sobre um livro que não leram”.


Assim, concluímos que o uso da língua, da palavra através dos media pode ser poderoso, chocante e por vezes hiperbólico, Saramago não precisava nesta altura da sua vida de se aborrecer e provocar atritos com instituições sacras como a Igreja, mas também não podemos retirar a um escritor o direito de exprimir as suas opiniões, de as assumir publicamente como Saramago nos habitou ao longo da sua vida.

Formandos do curso EFA-NS tipo A/B
Bibliografia:
www.visão.pt

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